Minha vida nunca mudou drasticamente. Eu estava acostumada a fazer as mesmas coisas, aceitava seguir minha rotina de forma tão natural. Estranho, porém normal. Não se pode priorizar ocasiões quando todas são iguais. Enfim, todo fim de ano eu visitava minha irmã. Ela morava numa cidadezinha do interior, mas confesso, em um dos lugares mais lindos em que eu já havia estado. Uma casinha de tijolo a vista, com uma varanda que cercava toda a casa. Um pouco mais a frente, um gigantesco ipê amarelo, que todas as manhãs iluminava a minha janela. E ainda, mais a frente, podia-se observar um lago fantástico. Não sei se posso definir exatamente o que era estar ali, naquele lugar. Mas continuando [...] era ali que eu passava as festas de fim de ano. Nossos pais haviam morrido há mais ou menos 10 anos. Fora uma fase complicada para minha irmã, que era mais próxima de minha mãe e meu pai. Eu, na verdade, sempre fui muito sozinha. Moro em um apartamento apertado no centro da cidade. Sou jornalista, escrevo uma coluna sobre economia para o jornal da cidade. Tenho um gato chamado Jon, que realmente, é minha única companhia. Nunca me casei, e talvez não pretendo. Aos poucos, fui desacreditando nessa história de amor eterno, casamentos perfeitos. Meus namoros nunca deram certos, apenas se interessavam por um beijo e uma boa noite de divertimento. Antes eu era uma eterna iludida e sonhadora, hoje não mais. Pra falar a verdade, ás vezes tento ser, mas não devo me entusiasmar como antes.
Bom, minha vida na cidade grande é aconchegante, mas eu gostava de estar no interior sentada na varanda de minha irmã, tomando um bom vinho e jogando conversa fora. Mas dessa vez, o meu fim de ano, mudaria a minha vida toda [...]