"E andando por aquele parque, sozinha entre folhas e flores caídas ao chão, tentava entender o motivo pelo qual a fazia sair sozinha, perambulando entre lugares tão vazios e silenciosos quanto os que ocupavam sua mente. Superar seria fácil se aquele lugar não trouxesse tantas lembranças, ou se tudo aquilo que a envolvia não fosse tão puro como o que insistia em sentir. Sentou-se em um banco, admirando as águas cristalinas que brilhavam com os raios solares. E como tudo é tão nostálgico, lhe veio à memória um passado que insistia em estar presente. E ali, naquele mesmo lugar, observando tudo o que acontecia, enxergou-se em outras pessoas desconhecidas que pareciam tão felizes. Sim, felizes como ela já fora. A felicidade do ontem não é a mesma do hoje. Aquela sensação de abrir os olhos e lembrar que há alguém esperando por uma ligação, ou esperar por uma mensagem, ou um beijo no fim da tarde, não existe mais. Não há nada melhor que a certeza de que há alguém esperando por você. E assim foi toda sua tarde, escoando como a areia de uma ampulheta. Sentada, lembrando, imaginando e sentindo aquilo que não se explica com palavras. É uma ferida que não sangra. Um vazio que te prende e acaba com tudo que pode progredir. E não se pode negar, resistir e seguir sozinho... E com o pôr-do-sol, andando pelo mesmo caminho vazio, voltava à sua realidade, sua casa, seus textos, seus objetos e tudo aquilo que te fazia lembrar o que não existia mais. Lembrar que o lugar que antes ocupava, pertence a outra pessoa, e pior que recordar isso, é não saber se todos os momentos juntos ainda vivem, mesmo que seja em algum resquício da lembrança, na mente dele... "
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