terça-feira, 27 de julho de 2010

Um tempo.

"Nada como um dia após o outro"
Mais um dia indiferente!
Mais um sonho perdido,
Mais um coração partido.
Uma lágrima a menos,
Uma decepção menor,
Exclusão de sofrimento!
Metade do que poderia ter sido, 
E talvez menos do que é.
Um meio termo entrer ter e querer,
Um meio termo entre a certeza,
E a comodidade do amanhã.

A dúvida em perder e aceitar,
A incerteza da compreensão,
A raiva do fim, nada mais.

O medo de não voltar,
Ou de nunca mais sair dali.
O tempo necessário,
Pra colocar tudo no lugar.

O ponteiro do relógio,
A lentidão das horas,
O passado que cada segundo marca,
O início de uma nova história ...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

In[esperado]



" O relógio marcava exatamente 18h58. Um fim de tarde gelado devido à estação mais fria do ano fazia com que todos vestissem roupas gigantes, felpudas, ou de qualquer outro tipo para se manterem aquecidos.  Como escurecia mais rápido, as lâmpadas do parque já estavam todas acesas, e as luzes que enfeitavam as árvores fazia com que tudo se tornasse radiante. Ele sentou-se num banco, próximo a uma árvore de primavera, esperando ouvir aquela voz suave que há tempos parecia tão distante. De repente, sente uma mão tocar seu ombro, e se depara com um velho de cabelos brancos, barba mal-feita, e um casaco marrom que cheirava guardado. 
- O que faz aqui sozinho nesse frio, meu rapaz? - perguntou o velho, curioso.
Ele, um tanto receoso, não hesitou em responder a uma pergunta tão indefesa:
- Estou esperando por uma pessoa, acho que está um pouco atrasada, penso que não há mal nenhum em esperar, não acha?
- Com certeza não rapaz - riu singelamente! - Posso lhe fazer um pouco de companhia? Não tenho muito o que fazer por aqui, e talvez possamos conversar enquanto está sozinho...
Um pouco desconfiado, mas com uma grande simpatia por essa imagem que deixava transparecer sabedoria, aceitou a proposta.
- Mas então! O senhor me perguntou o que fazia aqui neste frio, e lhe expliquei. E você, espera por alguém ou está sozinho?
O velho então, com olhos de tristeza, respondeu de forma incerta, mas sábia:
- Sempre esperamos por alguém. Nunca estaremos sozinhos em um mundo tão grande. Aqui mesmo, agora, em um parque tão pequeno e em um banco tão velho quanto eu, acabo de encontrá-lo. Não vejo de forma alguma que estou sozinho.
- Me desculpa ser incoveniente, mas não espera por uma pessoa específica? Por exemplo, sua esposa, ou filhos?
- Não!  - respondeu o velho de forma séria -  não tenho ninguém. Todos que já tive se foram, e não defino mais nada específico em minha vida. Veja meu rapaz, eu sempre fui muito correto em tudo que fiz, e deixei de viver tanta coisa por detalhes  tão mínimos, que hoje não possum relevância. Tudo é tão inesperado como encontrar uma pessoa sozinha numa noite tão fria. Todos agora estão em suas casas se esquentando em lareiras, cobertores, jogando baralho e se divertindo, o que seria tão óbvio em um dia como esse. E você aqui, esperando por alguém que talvez nem venha. E o admiro por isso, pois vejo em você o que eu mesmo, poderia ter sido. 
Levantou-se e sem se despedir, seguiu sem rumo, para um lugar que talvez nem ele soubesse que poderia chegar.
O rapaz então colocou-se a pensar, em tudo o que aquele velho, um pouco estranho, havia acabado de dizer. Novamente, olhou no relógio, que marcavam 20h43. É incrível como o tempo havia passado tão rápido, e tão imperceptível. E realmente, aquela voz que tanto esperava ouvir, talvez nem viesse. 
Foi então, que conseguiu juntar todos os pontos, e encaixou tudo o que havia acabado de escutar. Notou que nem sempre as pessoas estão dispostas a ser o que ele era, ou o que seria ao desejar algo. Talvez o seu inesperado fosse inconsciente, e o seu tempo, apenas uma apreciação de outros.
Levantou-se do banco, e foi caminhando como se também não tivesse um caminho a seguir, quando, de repente, um pouco de longe, escuta uma voz doce gritando pelo seu nome... Virou-se e recebeu mais do que mesmo esperava. E então, em lembranças daquelas palavras sábias, percebeu que até mesmo o esperado, simplesmente se torna o inesperado ... "



domingo, 18 de julho de 2010

Nada como sentir!


"E andando por aquele parque, sozinha entre folhas e flores caídas ao chão, tentava entender o motivo pelo qual a fazia sair sozinha, perambulando entre lugares tão vazios e silenciosos quanto os que ocupavam sua mente. Superar seria fácil se aquele lugar não trouxesse tantas lembranças, ou se tudo aquilo que a envolvia não fosse tão puro como o que insistia em sentir. Sentou-se em um banco, admirando as águas cristalinas que brilhavam com os raios solares. E como tudo é tão nostálgico, lhe veio à memória um passado que insistia em estar presente. E ali, naquele mesmo lugar, observando tudo o que acontecia, enxergou-se em outras pessoas desconhecidas que pareciam tão felizes. Sim, felizes como ela já fora. A felicidade do ontem não é a mesma do hoje.  Aquela sensação de abrir os olhos e lembrar que há alguém esperando por uma ligação, ou esperar por uma mensagem, ou um beijo no fim da tarde, não existe mais. Não há nada melhor que a certeza de que  há alguém esperando por você.  E assim foi toda sua tarde, escoando como a areia de uma ampulheta. Sentada, lembrando, imaginando e sentindo aquilo que não se explica com palavras. É uma ferida que não sangra. Um vazio que te prende e acaba com tudo que pode progredir. E não se pode negar, resistir e seguir sozinho... E com o pôr-do-sol, andando pelo mesmo caminho vazio, voltava à sua realidade, sua casa, seus textos, seus objetos e tudo aquilo que te fazia lembrar o que não existia mais. Lembrar que o lugar que antes ocupava, pertence a outra pessoa, e pior que recordar isso, é não saber se todos os momentos juntos ainda vivem, mesmo que seja em algum resquício da lembrança, na mente dele... "

terça-feira, 6 de julho de 2010

Mais um novo dia.

 Acordo numa manhã de domingo, por conseqüência dos raios de Sol que entraram pelas fissuras da persiana. Com os olhos entreabertos, tento me sentar naquele ninho de cobertores, em meio aquela infinda preguiça. Me levanto e meus pés quentes sofrem ao tocar a fria ardósia. O silêncio do amanhecer ainda me chama para cama, mas quando abro a janela, sinto aquele ar puro tocando meu rosto e percebo, que não há nada melhor que acordar para um novo dia, e imaginar, como serão minhas próximas 24 horas e tudo que pode acontecer. Enfim, todo dia é um novo ciclo, e cada simples gesto e acontecimento, é um sinal de que tudo se renova e que não há nada como manter a positividade.

Por aquela simples janela ...


" Lá fora chovia novamente, o que tinha se tornado natural em todas as tardes daquela semana. Em seu quarto, uma janela de vidro insistia em mostrar uma natureza intocável, com folhas e flores cobertas pelas gotas d'água. E naquele mesmo quarto, sentada numa poltrona singela decorada de pequenas bolas coloridas, tentava escrever algo que tivesse sentido sobre suas férias, que se encerrava com aqueles dias frios.  Talvez ela não tivesse tanta vocação pra escrever sobre o que sabia, mas sim sobre o que esperava descobrir e entender. Talvez o lado que mais pendia em sua personalidade era simplesmente  o fato de explorar o desconhecido. E bastava. Ás vezes o desconhecido é mais interessante que qualquer outra coisa que você conheça a forma, o sentimento, o gosto, o sentido ... É tão bom fazer descobertas, sobre si, sobre o mundo, sobre as pessoas! Aquela sensação nunca antes imaginada, é tão... única. Poder imaginar algo sem ter nada para se basear pode ser assustador, mas é perfeito. E talvez fosse isso mesmo o que ela esperava: apenas ser diferente. Inovar, sem ser estática e regrada, e inventar qualquer coisa desconhecida. E ali, sentada em frente sua janela,  imaginou milhões de coisas, que eram tão grandiosas quanto tudo o que se podia ver por aquela simples janela..."